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sábado, 21 de maio de 2011

Angustias

Angustias

A casa tinha um pingo d’água gotejante do telhado da sala.
O pingo d’água era da casa uma constante e intermitente perturbação.
Havia um balde na sala, nele a água do pingo se aquietava após sua tortura não intencional.

A sala estava vazia, móveis empoeirados, somente lembranças.
Sua atmosfera era quieta, sossegada no passado que fora.
Somente os bichos e insetos desfilam pelo caminho.

Eu estive lá.
Minha vida esteve lá.
Meus amigos estiveram lá.
Meus inimigos desfilaram mascarados pelos cômodos em trajes de gala.

Tudo parece o que era; uma casa.
Poderia ter sido a tua.
Poderia ter sido destruída pelo tempo.
Mas a casa ainda está lá.

Não há moradores;
Só gemidos nas paredes.
Ninguém me aluga!
Aqui é lugar de dores!
Vou ficar velha caduca!
Sou mulher estrupada nas noites solitárias.
Defecam aqui como se eu fosse um sanitário.
Sou um covil de ninguém travestido de gente que mora na rua.
Pobre de mim; estou nua!

Espere!
Alguém bate à porta.
Ouço o barulho de seres humanos.
A menina pensava ser amada.
Seu corpo despido sobre os lençóis sujos;
Esperava ser acariciado.

Uma seringa, duas seringas.
Conversas sem sentido.
Nada de sexo.
Pequenas feridas.
Roxas picadas em pele branca de gente granfina.
Despede-se da vida a pobre namorada em uma casa abandonada.
Seus amigos dizem:
Sei lá onde!
Mas, eu...
Eu já estive lá!

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