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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ensaio sobre Animismo e mediunismo.

       A palavra ANIMISMO vem do latim ANIMA que significa alma e foi usada, pela primeira vez, por Alexander Aksakov em seu livro “Animismo e Espiritismo” para designar “todos os fenômenos intelectuais e físicos que deixam supor uma atividade extracorpórea ou à distância do organismo humano e, mais especialmente, os fenômenos mediúnicos que podem ser explicados por uma ação que o homem vivo exerce além dos limites do corpo.”
André Luiz em seu livro “Mecanismos da Mediunidade”, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, define animismo como sendo “o conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação.” Já Richard Simonetti em seu livro “Mediunidade – Tudo o que você precisa saber”, diz que animismo, “na prática mediúnica, é algo da alma do próprio médium, interferindo no intercâmbio.”
Ramatis no livro “Mediunismo”, pela psicografia de Hercílio Maes, diz que “animismo, conforme explica o dicionário do vosso mundo, é o “sistema fisiológico que considera a alma como a causa primária de todos os fatos intelectivos e vitais”.
“O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, significa a intervenção da própria personalidade do médium nas comunicações dos espíritos desencarnados, quando ele impõe algo de si mesmo à conta de mensagens transmitidas do Além-Túmulo.”
Devido à essas várias definições e a outras como estas, a palavra animismo vem sendo utilizada de forma perjorativa e negativa para tudo aquilo que fosse produzido pela mente do médium, mas que não tivesse nenhuma contribuição ou participação dos espíritos desencarnados. E ao longo dos anos, essa palavra passou a ser um pesadelo para os médiuns de vários cultos espiritualistas (kardecistas, umbandistas e etc.), especialmente os iniciantes, por conta da errônea utilização da palavra animismo, como sinônimo de fraude, fanatismo e mistificação.
A mistificação é caracterizada pela FRAUDE CONSCIENTE do médium, e pela simulação premeditada do transe mediúnico, com a intenção de ENGANAR os outros. Enquanto, a atuação anímica do médium acontece quase sempre inconsciente, de forma que o próprio médium não consegue perceber a sua interferência ou participação no fenômeno mediunico, não sabendo destinguir o que é de seu sub-consciente e o que é de mensagem da entidade.
É o que nos diz Hermínio C. Miranda em seu livro “Diversidade dos Carismas”, quando afirma que “o fenômeno fraudulento nada tem a ver com animismo mesmo quando inconsciente. Não é o espírito do médium que o está produzindo através de seu corpo mediunizado, para usar uma expressão dos próprios espíritos, mas o médium como ser encarnado, como pessoa humana, que não está sendo honesto nem com os assistentes nem consigo mesmo. O médium que produz uma página por psicografia automática, com os recursos do seu próprio inconsciente não está, necessariamente, fraudando e sim, gerando um fenômeno anímico. É seu espírito que se manifesta. Só estará sendo desonesto e fraudando se desejar fazer passar sua comunicação por outra, acrescentando-lhe uma assinatura que não for a sua ou atribuindo-a, deliberadamente, a algum espírito desencarnado.” 

OBS.: Animismo NÃO é defeito mediúnico! E nem deve ser tratado como distúrbio ou desequilíbrio da mediunidade ou do médium. Na verdade, como parte dos fenômenos psíquicos humanos, deve ser considerado também parte do fenômeno mediúnico já que, como diz Richard Simonetti no livro já citado, “o médium não é um telefone. Ele capta o fluxo mental da entidade e o transmite, utilizando-se de seus próprios recursos. Se o animismo faz parte do processo mediúnico sempre haverá um porcentual a ser considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do médium.”
Hermínio Miranda, ainda diz que, “em verdade, não há fenômeno espírita puro, de vez que a manifestação de seres desencarnados, em nosso contexto terreno, precisa do médium encarnado, ou seja, precisa do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, anímicas.”
Concluindo, o animismo é um processo comungado por todos os médiuns, posto que não há atividade mediúnica sem animismo. Porém, o fenômeno Animismo jamais poderá ser confudido errôneamente com mau-caratismo e charlatanismo, posto que são coisas absolutamente destintas.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Reflexão sobre o texto "Diversidade de Rituais Umbandistas", de Manoel Lopes.

O texto fala com simplicidade e coesão, sobre essa diversidade de ritual que permeia a umbanda, mostrando algumas diferenças principais no modo de conduta (práticas ritualisticas) que, devido as publicações já outorgadas e consagradas por nós, umbandistas se tornaram bastante polémicas, como: A utilização de sacrifício animal na ritualística,  a utilização de roupas coloridas enquanto outros utilizam roupas brancas na sua liturgia, o uso de contas de louça ou vidro, e assim por diante. Devido a essas diferenças polémicas colocadas em questão, é muito comum surgir o julgamento conciso daqueles que praticam a umbanda de acordo com as leituras outorgadas por nós do meio umbandista. "contas de louça? na umbanda? isso não é umbanda!", ou então, "matança de bicho? são atitudes bárbaras, medievais! isso é coisa de candomblé!" Porém, nós acabamos esquecendo, irmãos de fé, o quão amarga é a luta contra o preconceito contra a religião umbandista na sociedade. O quanto é difícil o reconhecimento de nossa religião enquanto instituição religiosa organizada, com deveres sociais. Observando o modo conciso de julgamento de alguns dentro do meio umbandista, veremos que há sempre aqueles que citam a "sua" umbanda, como uma umbanda melhor do que a de um outro irmão de fé que comunga de algumas dessas práticas citadas acima, como sendo, a sua umbanda a "verdadeira" umbanda. Agora, irmãos queridos, pergunto para vocês, com toda minha humildade e Abiãnismo:" Quem somos nós, na criação imensa de Zamby, para julgarmos que tal umbanda é verdadeira e tal umbanda é falsa?" 
Irmãos, somos apenas aprendizes desta umbanda sagrada que oxalá trouxe do cosmos para nos presentear. E quem estava lá, na hora que nosso pai maior desceu do cósmos para trazer nossa querida umbanda? Devido à isso meus queridos irmãos de fé, vamos cada dia tentando aprender a não comungar desse fardo pesado que já dividimos, chamado "preconceito", por conta dos maus olhos da sociedade à nossa umbanda sagrada.  Não deixemos irmãos, que esse fardo aumente dentro da nossa própria umbanda, que é um leito de amor e fé para todos nós. Ajudemo-nos irmãos, uns aos outros, à olhar com mais tolerância o culto do irmão ao nosso lado, mesmo que seja diferente do nosso. Pois nenhum ritual de umbanda é melhor do que o outro; são apenas ritos diferentes dos nossos. Olhemos, nesse momento de reflexão para os dedos das nossas humilde mãos; Se olharmos um pouco para nossas mãos irmãos, veremos que nossos dedos são diferentes uns, dos outros, e que assim, convivem harmoniosamente nos ajudando no trabalho e nas outras coisas que necessitamos. tomemos nossas mãos de exemplo para seguir uma caminhada sem preconceitos internos, meus irmãos, E que nosso pai oxalá possa sempre abençoar nossas diferenças, pois ela é que nos tornam belos e singulares. Axé!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O conto da fazenda Real

       Deu meia noite, os tambores anunciam. Naquela senzala algo irá acontecer... As palmas acompanham o rítimo estranho, na voz do negro que corta uma língua jamais conhecida na casa grande. Os olhos da negra jovem e guerreira brilhavam perto do fogo.

Ouve-se um brado aos 4 cantos da fazenda real;

    Enquanto tremiam-lhe as carnes, a moça mudara a feição e logo vieram todos os outros saudar a forte ventania que batia as portas das senzalas. Era Oyá! Guerreira e bela, vinha valente olhar seus filhos. Um velho preto já sabia e ficava de canto, fumando seu Banto cachimbo:

"-Jurema é bela, é filha de Oyá! salve a Jurema, salve seu Juremá. Guerreia alfange de raio, Sacode bela Oyá essa humilde aldeia!"

     E logo veio à sua corte, o guerreiro mais valente; Ogum, com suas espadas e seu elmo de ouro. A senzala nunca esteve tão bela! Eles guerreavam juntos contra todos e tudo, nada havia de os separar. Porém, desceu do céu um trovão. E de seu fogo e tremor, a pedra mais bonita e polida era Xangô; com suas tranças e oxés caídos aos pés da guerreira valente. Ogum desgostoso guerreou com Xangô durante os confins da eternidade, e num instante, o coração de Oyá bateu mais forte por Xangô, o rei de Oyó. Estava feita a primazia; Xangô dobrou o coração da mulher de Ogum, que desolado, foi para as encruzilhadas com seus ferros e seus cachorros montar suas forjas. Agora, Oyá era a rainha de Xangô, e com ele na pedreira foi morar. Jurema sabia disso. E quando os três se cruzavam no mundo dos homens, a guerra era certa.
Hoje, Jurema sou eu. Com o fogo de outrora brilhando em meus olhos. Adestrei-me ao sabor dos ventos, e de minha cabeça para ser sua morada. Agora, meu sossego é morar em suas tempestades, pois ela, é atemporal. Guerreia árvore de mim, Eparrêi Bela Oyá!

Sonho de Angola


Hoje, tive um sonho.
e no meu sonho, havia um velho.
Negro, descalço, roupas de saco, e cachimbo na boca.

ria gostoso, e apoiado num toco chamava por mim.
"venha moça, achegue aqui."
E sem piscar fui eu,

Na fumaça do seu cachimbo,
eu vi minha vida;
Das suas bocas, as palavras eram pérolas simples
daquelas que você encontra escondida num canto do fundo do mar.


"Fia, você vai trabaiá, e cuidado pra não se estrepá.'

E me falou da vaidade dos homens, me falou da beleza do mundo
do peso de ser negro, do aperto dos grilhões.
pois em meu pescoço um rosário de semente:
minha cruz pra carregar;

"vamo fia! vem ser nega, nega, nega dentro desse gongá!"

E eu fui, eu fui pra nunca mais voltar.


Lays Vanessa.